Zhang Chunlei está na prisão há três anos após ser falsamente acusado de incitar a subversão do poder do Estado.

Na prisão, um pastor que foi detido há três anos na China, refletiu sobre a maturidade espiritual que adquiriu neste tempo em relação ao seu ministério evangelístico.

Recentemente, um advogado de defesa visitou o Élder Zhang Chunlei, no Centro de Detenção da cidade de Guiyang. Lá, o cristão observou que anteriormente queria fazer muitas coisas na igreja, mas negligenciou os sentimentos dos irmãos e irmãs. 

Segundo o ChinaAid, ele se concentrou no trabalho ministerial, mas lhe faltou amor. Zhang também refletiu que, ao criticar os incrédulos no passado, sua intenção era compartilhar o Evangelho, mas devido à falta de amor em sua linguagem, ele os afastou. 

Para ele, as pessoas só compartilharão coisas boas umas com as outras em um relacionamento seguro. Após o período na prisão, Zhang acredita que será diferente depois de ser libertado.

“Você vê a incompletude dos outros, mas Deus vê a sua plenitude; você pensa que os outros não são profundos, mas Deus os tornará profundos”, disse o pastor. 

Na juventude, Zhang trabalhou como secretário no Comitê Permanente do Congresso Popular da Província de Guizhou. Mais tarde, ele também teve sucesso nos negócios. Hoje, porém, ele percebe que foi a proteção de Deus, e sem o Senhor ele não pode fazer nada:

“Cada vez mais que a igreja pertence a Deus, não a qualquer indivíduo ou governo. Servir a igreja também não é o mesmo que administrar um negócio”.

A Igreja

Durante a visita do advogado, o pastor Zhang afirmou estar preocupado com a situação recente dos membros da igreja, que se afastaram após sua prisão. Aos que permaneceram, ele expressou gratidão por servir junto com eles, incluindo a experiência de “afiar ferro”. 

Naquela época, Zhang contou que fez um voto com o Senhor: “Já que Você me deu a verdade, eu a proclamarei para Você; já que Você me deu o caminho, correrei por Você; já que Você me deu a vida, eu a oferecerei a Você”. 

No entanto, após refletir sobre o passado, o pastor declarou: “Se uma pessoa não tem amor, ela não tem compreensão da graça. Eles próprios receberam a graça, mas são muito legalistas uns com os outros. Se falta amor é porque falta oração e há um problema de relacionamento com o Senhor. Ele enganou sua família, irmãos e irmãs. Felizmente Deus existe, caso contrário ele só ficaria com culpa”.

E continuou: “No centro de detenção, Deus me despiu. Por um lado, sei que não sou nada. A orientação é me oferecer sinceramente ao Salvador e encorajar irmãos e irmãs a se enraizarem na Palavra de Deus. O Senhor dá a cada pessoa uma porção única de graça que pode encorajar uns aos outros e também encorajar a igreja”.

Ministério 

Falando sobre o ministério pastoral, Zhang disse que as igrejas independentes precisam de supervisão e vigilância. 

“Não acreditamos apenas na teologia, mas ter uma teologia correta não significa necessariamente ter uma vida correta. Pastores como John Wesley são verdadeiramente dignos de gratidão”, afirmou ele.

E continuou: “Num período de exílio, ore pela economia e pela estabilidade da China, para que as pessoas comuns sofram menos. Veja a história com uma perspectiva do Reino dos últimos dias. Como exortou Jeremias naquela época, construam casas, sejam frutíferos e multipliquem-se, glorifiquem ao Senhor em cada profissão”. 

“Pense frequentemente no que outros pastores mencionaram: a amplitude da doutrina, a amplitude da Palavra de Deus, a amplitude da prática espiritual. O Evangelho completo, a igreja reformada, o serviço santo. Também o poder da visão, o poder da Palavra, o poder do exemplo”, acrescentou.

Para Zhang, amar alguém e orar por essa pessoa é melhor do que qualquer presente. Agora, ele frequentemente ora pelos membros da congregação e pelos colegas do ministério. 

O pastor reconheceu que aguentar três anos na prisão envolve a obra do Espírito Santo: “Parece que aconteceu ontem”. Ele passa os dias meditando na Bíblia e mantendo um relacionamento com Deus.

O advogado afirmou que Zhang não é apenas um “sofredor inocente", mas também “um pastor cada vez mais maduro e humilde”. Ele foi falsamente acusado de incitar a subversão do poder do Estado. Depois de um ano e quatro meses desde o julgamento, o caso se arrasta sem veredicto.