Somália: Mulher é expulsa de casa e agredida pela família após se converter ao cristianismo

Uma mulher de 30 anos foi expulsa de casa pelo marido e rejeitada pela própria família após anunciar sua conversão ao cristianismo, na vila de Tabta, região de Lower Juba, no sul da Somália. A história de Fatuma Hussein foi divulgada por uma equipe cristã local, que atua de forma discreta em regiões de perseguição.

O primeiro contato entre Fatuma e a equipe ocorreu em 15 de março, por volta das 19h30, enquanto sua família quebrava o jejum do Ramadã. Seu marido, Ibrahim Suleiman, estava ausente no momento. A mulher compartilhou que se sentia atormentada por jinn — entidades espirituais invisíveis segundo a crença islâmica — e pediu oração.

“Ela nos convidou para retornar e disse que havia sentido algo diferente em seu coração”, relatou o líder da equipe ao Morning Star News.

Dois dias depois, no dia 17, Fatuma entrou em contato novamente. Disse ter sentido paz interior após as orações. Durante essa segunda visita, ofereceu US$ 100 como sinal de gratidão, mas o valor foi recusado.

“Dissemos a ela que a salvação era um presente gratuito de Deus por meio de Seu Filho, Issa (Jesus)”, declarou um dos missionários.

Na ocasião, Fatuma compartilhou ter ouvido a voz de Deus, segundo o relato da equipe:

“Receba meu poder para que você possa orar pela cura de outros também.”

Após receber orientações sobre os fundamentos da fé cristã, Fatuma orou com os membros da equipe e confessou sua fé em Cristo.


Rejeição e violência familiar

No dia 19 de março, Fatuma compartilhou com o marido sua decisão de seguir a fé cristã. Segundo seu testemunho, Ibrahim reagiu com fúria e imediatamente informou os pais da esposa. No dia seguinte, ela foi levada de volta à casa dos pais, sem seus três filhos, de 7, 5 e 3 anos.

Mesmo assim, Fatuma começou a testemunhar sobre sua fé para a irmã. Porém, em 22 de março, seu pai descobriu a conversa e reagiu com violência.

“Meu pai começou a me bater com paus e a ameaçar me matar, e imediatamente me expulsou da família com uma espada afiada”, relatou.

Ainda segundo Fatuma, o pai teria encorajado o genro a agredi-la ou até mesmo matá-la, caso tentasse retornar.


Acolhimento e pedido de ajuda

Fatuma foi acolhida por uma família cristã local que vive em segredo por questões de segurança. O líder da equipe missionária comentou a situação:

“Ela está orando para que Deus a leve a um lugar seguro onde possa adorá-Lo livremente.”

Em uma mensagem à comunidade cristã internacional, Fatuma expressou sua dor e confiança em Deus:

“Perdi meus filhos, mas a paz de Deus continuará confortando meu coração. Por favor, diga às famílias cristãs onde quer que estejam para continuarem orando por mim e me apoiarem com dinheiro para comprar comida para me sustentar onde quer que eu esteja, para que eu não me torne um fardo, e mais ainda para que Deus sustente e atenda todas as minhas necessidades físicas e espirituais. Estou sozinha, mas Issa está comigo.”


Contexto legal: fé cristã proibida

A Somália possui uma das legislações mais rígidas do mundo em relação à religião. A Constituição do país estabelece o islamismo como religião oficial e proíbe a propagação de qualquer outra fé. Toda a legislação deve estar em conformidade com os princípios da Sharia, inclusive sem exceções para não muçulmanos.

Segundo as escolas tradicionais da jurisprudência islâmica, a apostasia — o abandono do islamismo — pode ser punida com a morte. A presença do grupo extremista al Shabaab, vinculado à al Qaeda, reforça essa interpretação em regiões sob sua influência.

O al Shabaab tem sido responsável por ataques a civis, cristãos e estrangeiros, especialmente no norte do Quênia, desde 2011, em resposta à presença militar queniana na Somália.


Somália é o segundo país mais perigoso para cristãos

De acordo com a organização Portas Abertas, a Somália ocupa o 2º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, ranking que classifica os países com maior hostilidade à fé cristã. A informação foi publicada pelo The Christian Post.

O caso de Fatuma Hussein revela a dura realidade de milhares de cristãos secretos que vivem sob risco de morte por seguir a fé em Jesus. Em meio à rejeição e à solidão, seu testemunho ecoa esperança e perseverança, como escreveu o apóstolo Paulo:

“Estou persuadido de que nem a morte, nem a vida […] nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Romanos 8:38-39)

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