Ao todo, há 50.934 igrejas ou templos nessas áreas.
Os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (08) pelo IBGE, revelam uma realidade alarmante nas favelas brasileiras: o número de igrejas e templos religiosos nessas áreas supera amplamente o de instituições de ensino e saúde.
De acordo com o levantamento, há 50.934 igrejas ou templos em favelas, contra apenas 7.896 instituições de ensino e 2.792 estabelecimentos de saúde. Isso implica que, para cada hospital ou posto de saúde, há 18,2 templos religiosos; e para cada escola ou faculdade, existem 6,5 igrejas. Esses números indicam uma disparidade notável, com uma clara predominância de espaços religiosos sobre os serviços essenciais de educação e saúde.
Crescimento das Favelas e Suas Implicações
O Brasil atualmente conta com 12.348 favelas, quase o dobro das registradas em 2010 (6.329). Essas comunidades abrigam cerca de 16,4 milhões de pessoas, o que representa 8,1% da população total do país. O aumento no número de favelas e de sua população é atribuído a melhorias no processo de recenseamento, que permitiram um mapeamento mais preciso dessas áreas.
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco concentram 46,1% das favelas, sendo as regiões com as maiores populações dessas comunidades urbanas.
Desigualdade Estrutural e o Papel das Igrejas nas Favelas
A alta concentração de igrejas nas favelas levanta questões sobre as desigualdades estruturais presentes nessas comunidades. Embora as igrejas desempenhem um papel importante como centros de apoio espiritual e social, oferecendo assistência em momentos de crise e ajudando a suprir algumas necessidades da população, sua prevalência pode sinalizar lacunas em serviços essenciais como educação e saúde.
Esse cenário aponta para a falta de investimento adequado por parte do poder público em áreas cruciais para o desenvolvimento humano. A disparidade entre o número de templos e serviços essenciais pode ser vista como um reflexo de um sistema que ainda deixa de lado a educação e saúde de qualidade para as populações mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que delega a instituições religiosas a responsabilidade de prover suporte, muitas vezes insuficiente para atender às necessidades de toda a comunidade.
Reflexão sobre as Prioridades no Desenvolvimento Social
Esse descompasso entre os diferentes tipos de instituições em favelas sugere a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes que priorizem a expansão de serviços de saúde e educação nas áreas mais carentes, buscando um equilíbrio que permita a essas comunidades não apenas o sustento espiritual, mas também as condições básicas para o desenvolvimento pleno de seus moradores.