Famílias têm papel fundamental para ajudar crianças e adolescentes a lidarem com problemas, segundo psicóloga do Marista Escola Social Irmão Lourenço.

A saúde mental não deve ser vista como um problema a ser resolvido na vida adulta. Segundo uma pesquisa da Universidade de Calgary, um em cada quatro jovens desenvolveu algum tipo de ansiedade durante a pandemia da covid-19, por exemplo enquanto o percentual de crianças e adolescentes com depressão subiu de 12,9% a 20,5%.

Nesse contexto, a psicóloga do Marista Escola Social Irmão Lourenço, Michele Santiago, explica que os pais têm um papel importante com os cuidados com a saúde mental de seus filhos:

“Nem sempre as crianças e adolescentes conseguem expressar o que está acontecendo e, no caso dos mais novos, ainda não existe a capacidade de processar e lidar com experiências negativas”.

No período da infância, o cérebro está em desenvolvimento e o seu funcionamento é afetado por essas experiências negativas.

Além de mudanças no comportamento, elas desencadeiam o aumento da produção do cortisol — também conhecido como o hormônio do estresse —, o que prejudica as conexões dos neurônios.

As vivências das crianças e adolescentes são importantes para determinar o desenvolvimento na fase adulta, já que o amadurecimento do cérebro nesta fase serve de base para o restante da vida.

“É nesse período que surgem os primeiros sintomas de transtornos que podem se intensificar na vida adulta. Escutar, acolher e oferecer a ajuda necessária podem contribuir para que esses sintomas não piorem”, pontua a psicóloga Michele Santiago.

Como cuidar da saúde mental das crianças e adolescentes?

1. Fique atento aos sinais

Mesmo em casos em que o jovem não consegue se expressar verbalmente sobre o que está passando, certos comportamentos podem acender o alerta para que os pais providenciem ajuda.

Alguns exemplos são aumento da agressividade e irritabilidade; nervosismo sem causa aparente; pesadelos recorrentes e falta de vontade de realizar atividades que antes considerava prazerosas.

2. Converse sobre sentimentos

Quando não têm oportunidade de aprender a expressar seus sentimentos, as crianças se tornam adultos com mais dificuldade de autoconhecimento e com sua maturidade emocional comprometida.

Conversar desde cedo sobre as emoções cria conexão com os sentimentos e aumenta a autoconfiança e a compreensão consigo mesmo e com os outros.

3. Ensine a lidar com o estresse

Vienciar situações estressantes é inevitável. Mas é possível mostrar aos jovens formas de processar o estresse de uma nota baixa ou uma briga com um amigo, por exemplo, de forma que ele não contribua para a insegurança da criança ou crie memórias traumáticas.

Algumas dicas são ensinar exercícios de respiração e práticas de resolução de conflitos.

4. Promova um ambiente saudável dentro de casa

Um ambiente familiar seguro e saudável permite que a criança desenvolva conexões emocionais e tenha mais autoconfiança, o que contribui para sua saúde mental.

Para promover esse local de segurança, é importante cultivar vínculos com atividades entre a família, de forma a criar um sentimento de pertencimento familiar, e garantir que a criança tenha todos os dias alguns momentos de tempo livre para passar nesse ambiente, evitando a sobrecarga e criando espaço para tempo de qualidade em casa.